quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Depressão Pós-Livro

"A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou,
E agora, José?" - como dizia o saudoso Drummond

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    É inevitável esse sentimento de vazio que nos consome após o término de uma obra. Depois de "FIM" acaba-se toda aquela história que te fez rir, chorar, pular de alegria. Toda aquela expectativa para saber como e quando o mocinho consegue finalmente se dar bem e levar a melhor na história apagam-se quando se fecha o livro. A história que te despertou tanto sentimento volta para a estante.

    Terminar uma leitura é, em partes, pior do que terminar um relacionamento.Tudo que foi vivido naquelas páginas parece ter sido em vão. Você fica triste, abatido. Pega outro para ler, mas a capa não é tão encantadora como a do anterior. Até a descrição do personagem principal te irrita! (ele não chega aos pés do seu herói da última obra). É impossível continuar!

    Talvez a tristeza maior seja porque a mocinha teve coragem de abandonar o noivo no altar para viver com seu amor verdadeiro após receber um SMS na porta da igreja, enquanto você aí, no sofá, sem coragem até para reclamar o troco errado com a dona da padaria! Triste realidade... 

   Eu tenho medo de acabar um livro. Dá aquela sensação de que nunca vou ser feliz como aqueles personagens.Poderia estar lá fora, é verdade, fazendo algo de útil para salvar minha vida dessa desagradável rotina, mas não. Ler é bom. Admirar como as pessoas são corajosas, e ganham, e perdem, e casam, e mudam, talvez seja um tipo de treinamento para quando minha hora chegar.

    Não tem como não sentir dor quando uma história fascinante se acaba. A parte boa é que ela vai e volta da estante quantas vezes forem necessárias. Lulu Santos dizia: "Há tanta vida lá fora...". Eu acredito no contrário, há tanta vida aqui dentro! Então, José, não se intimide... Releia!

sábado, 11 de janeiro de 2014

Leitura da Depressão

     
     A nuvem da depressão se abateu sobre mim, não tenho mais forças para continuar. Mas isso não é uma 
carta de despedida antes de um suicídio. Bom, talvez seja, mas não minha morte, e sim da história. Mas antes de escrever um epitáfio, gostaria de refletir sobre isso.
     É tão sem graça viver uma vida. Uma só vida, um enredo personagens semi-fixos, fila na lotérica, sala de espera do dentista. Uma saída? Leitura. Existe um mundo de histórias que servem como uma rota de fuga para a monotonia cotidiana, apenas tome cuidado... Um passo para a depressão é quando a história escolhida consegue ser menos interessante que a sua própria, fazendo a fila do pão se tornar um prazeroso lazer.
     Não tenho mais vontade de viv(L)ER e isso me consome. Sinto como se estivesse traindo uma namoradinha que, aos 14 anos, estivesse me implorado para ficar e esperar, que ainda não estava preparada para me dar o ápice do prazer!
     Posso pegar qualquer outro livro da estante e dar vida a novos personagens, fazê-los protagonistas e trancar os antigos para fora da casa da minha imaginação, entretanto sofrerei do eterno complexo de Hazel sem saber o que acontece, quem casa, quem morre, quem vai preso quando acaba.  Daí a força para continuar.
     Enfim, livro é igual casamento. Você lê a primeira página já pensando no  “felizes para sempre”, mas nem todos continuam excitantes depois da página 20. Fica em suas mãos deixar de viver a história ou esperar para que ele te surpreenda no final.


Boa leitura (ou não).